Eu nao queria mais escrever aqui, eu nao queria escrever sobre como eu me sentia. Eu quase sempre vazia, o que poderia dizer sobre isso? Quem pode descrever o vácuo? A ausencia? O nada? O dicionario online descreve assim: na·da (latim [res] nata, coisa nascida) pronome indefinido 1. Coisa nenhuma (ex.: estava escuro e não vi nada; nada lhe despertou a atenção). substantivo masculino 2. O que não existe; o não-ser. 3. [Por extensão] Pouca coisa. = BAGATELA 4. [Figurado] Fragilidade. advérbio 5. Expressa negação; de modo nenhum. = NÃO Mas nao explica. Eu nao queria falar mais sobre nada, eu nao queria que soubessem como eu me sinto, mas eu me sentia tão sozinha, e o que eu nao daria por um amigo. Um amigo mudo, um amigo pra nao me julgar, um amigo pra me abraçar e quem sabe nao se importar se eu por acaso chorasse uma ou duas lagrimas. Nada é muita coisa, é muito complexo, muito estranho. E eu tava longe, tao longe, longe demais para ser recuperada. Era um oceano salgado com uma gotinha de tinta azul de aquarela. Era todas as coisas que eu nunca disse ou diria, aqui ou em qualquer lugar. E eu lutava tanto para nadar nesse oceno antes que ele pudesse me afogar. Me esforçava tanto. Mas o azul aguado me consumia, e eu rapido, rapido, rapido, desaparecia. Eu nao queria mais escrever aqui, mas eu nao tinha mais nada.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
um jardim morto
Algumas pessoas já estão muito perdidas para serem encontradas. Muito distantes, fora de alcance, e era assim, era desta forma que eu me sentia. Ate então era dor, era tristeza, e sentir dor é bom porque mostra que voce esta vivo, ate que finalmente voce nao sente mais nada. E essa é a hora mais perigosa, a hora que voce sabe que esta sob controle, que esta e que continuará indo em frente, o que ninguem sabe é que voce vai, sem saber para onde esta indo. A deriva num mar de indiferença. Numa ausencia de sentimentos, é apenas como se voce não existisse, andando por ai, meio morto, meio vivo, e embora seja dificil de assumir, quase sempre mais morto do que vivo. Isso não é sobre ser fraco, a fraqueza ficou la atras, quando a dor era tão insuportavel que eu mal conseguia por o pé para fora de casa e encarar o sol, aquilo era ser fraco. Isso se trata de crescer de forma tão brusca, e tão solida a ponto da dor nao importar mais. Tudo de mais bonito que havia dentro de mim estava morto, e eu nao imaginava que algo ou alguem pudesse fazer esse coração sentir, novamente. Eu nao seria gananciosa a ponto de pedir para ser feliz, não, eu nao pediria tanto, mas se eu pudesse pelo menos sentir.
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013
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Estava vivendo os piores dias, desorientada, perdida, e quase sem fé, e eu nao queria conversar com ninguem, eu nao queria ninguem perguntando como eu estava me sentindo, ou sendo super gentis. Eu nao queria ninguem perto de mim, eu estava tão longe, e andando tão sozinha por muito tempo, eu sabia que voce era a unica pessoa que poderia me encontrar, e me salvar desse tormento, mas eu nao podia mais esperar por isso. E eu nao esperava, nao pensava, nao falava a respeito. Mas eu sentia. E eu nao podia evitar de sentir. Apagar voce da minha vida era como esperar que o céu deixasse de ser azul. Sempre foi voce, desde o inicio, voce cuidou de mim, e agora que tudo desmoronou, eu desejaria que fosse sua mão, segurando a minha. Minha pessoa preferida.
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quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Quarto 414
Quase ninguem sabe o que significa o quarto 414. Quase ninguem nunca ouviu falar, e os poucos que ouviram a respeito, talvez sintam um tremor no peito. Ela passou a vida inteira ao meu lado, literamente, todos os dias, todos os dias ao longo dos meus 23 anos. Ela viu quando eu dei meu primeiro passo, e falei minhas primeiras palavras. Me segurou enquanto eu fazia escandalo e chorava querendo ir pro trabalho com a minha mae, e eu tinha apenas 3. Aos 5 ela me preparou lanchinhos e suco, arrumou minha lancheira para eu ir para a escola. Ela fazia vestidos para mim - sim, um dia eu usei vestido - e penteava meu cabelo com uma trança bonita. Aos 6 mudamos de estado, era uma casa grande e espaçosa no interior, onde ela passava o dia costurando na sua velha maquina, e eu brincando com os retalhos. Todos os domingos de noite, a casa ficava cheia, ela me colocava a roupa mais bonita e comportada e iamos todos para a igreja. Aos 8 viemos para Curitiba, uma casa pequena, e ela me ensinou a costurar pela primeira vez. Aos 13 eu era uma adolescente chata, branquela e magrela, e ela implicava com as minhas pernas muito finas e muito brancas, e dizia que eu tinha 'zóio de peixe morto'. Aos 15 eu queria usar esmalte preto, bandana e pulseiras de pino, e isso sempre causava uma enorme discussao. Lembro de estar sem sono no meio da noite e ver a luz da porta do quarto acesa, me sentar na sua cama e ficar la, sem dizer uma só palavra. Aos 16 me ajudou a comprar meu primeiro violão. Aos 17 teve que aturar meus piercings e cabelos coloridos. Aos 19 eu finalmente virei gente. Eu viajava final do ano para a casa do meu pai, mas lembro que a sensação de chegar em casa e encontrar com ela era como: estar tudo certo.' Aquele abraço de saudade, aquele cheiro de vó, que só quem tem vó sabe como é, contar as novidades. Lembro dela achar graça dos meus desenhos, e pedir que eu desenhasse uma cachorra de salto alto brinco, anel esmalte e batom. Um desenho que eu nunca fiz, e por mais idiota que possa parecer, choro ao lembrar disso. E quando comecei meu primeiro negocio, minha empresa de camisetas, ela achar incrivel e dizer que eu sempre poderia contar com ela pro que eu precisasse. Aos 23 ela ja nao lembrava muito bem de quem eu era, uma vez chegando da faculdade 23hrs, a luz do quarto dela estava acesa e ela se arrumava para sair: - Eii linda, ta pensando que vai onde toda arrumada? Hein?! - e sorri largo, ela parou me olhou meio sem entender e disse: - Eu acho que eu to sonhando…' Tudo ficou tao claro, que as coisas haviam mudado, entao ela devagar foi desabotoando os botoes para colocar o pijama. Ela perguntava mil vezes a mesma coisa, e eu sempre respondia como se fosse a primeira vez. Com frequencia minha mae perdia a paciencia, e isso nao era certo porque ela nao sabia mais o que estava fazendo. Na ultima semana, passada das 4 hrs da madrugada, reparei que havia uma claridade vinda de fora, quando sai do quarto todas as luzes estavam acesas, corredor, cozinha, copa, quando cheguei na sala, ela estava deitada no sofá, como uma criança. - Eu deitei aqui porque nao conseguia levantar…' Eu fiquei tao chocada com a cena, e sem saber o que fazer. - Vem comigo, vem, vamos pro quarto, deitar na caminha.' Ela se apoiou nos meus ombros e eu usei todas as forças que eu tinha, levei ela ate o quarto, deitei, cobri, fui ate a cozinha, preparei leite e alguma coisa para ela comer, dei um beijo e depois de me certificar que estava tudo certo, fui dormir. Um dia entao, peguei folhas sufites e escrevi 'VÓ TE AMO' e colei na porta do quarto dela e por onde ela passasse, para que sempre que ela visse, ela se lembrasse do quanto eu a amava. Nunca de fato disse que a amava, assim como ela tambem nunca disse para mim, mas eu sei, que ela me amou de uma forma tao grandiosa que eu nunca poderia retribuir. Eu fiz tudo que pude, mas tudo que fiz me pareceu tao pouco. E no dia 9 de abril de 2013, as 11:50 na manha, no quarto 414, o coração dela parou de bater. E o meu, aos poucos, vai parando tambem. Um vazio cada vez maior, um dia voce perde um amor, outro dia voce perde alguem que te ama. E assim a esperança vai secando, de gotinha em gotinha, a vida vai ficando mais e mais vazia, e as vezes seu olhar fica tão distante que voce acha que desaprendeu como ser feliz, e como sorrir. Obrigada por todo o amor que voce me dedicou durante 23 anos. - LUTO *Quarto 414, pacientes terminais.
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sábado, 5 de outubro de 2013
naufrago l
Eu, há muito, estava sendo levada pela correnteza agitada de um mar salgado, me afogando e sendo atirada contra as pedras, perdida, sem nome, sem identidade, sem saber mais quem eu era. 'Porque voce é minha pessoa preferida', 5 palavras, e foi como se eu tivesse conseguido finalmente puxar um pouco de ar, eu ainda estava me debatendo contra as rochas, mas eu havia respirado um pouco. Ler aquilo foi como se ela me dissesse: Eu sei quem voce é, e tudo vai ficar bem'. Era bom saber quem eu sou. Era bom por um instante parar de me afogar naquela agua salgada que queimava meus pulmoes. Eu queria apenas saber uma forma de fazer essa sensação durar um pouco mais. 'Voce nao é má pessoa nunca foi e nunca sera.' foi o mesmo de ouvir dizer: eu sei quem voce é, eu conheço voce, eu sei quem voce é' E depois de tanto tempo naufragando, eu vi um rosto familiar.
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sexta-feira, 4 de outubro de 2013
alzheimer
Ela sentava na sala e olhava fixo para a tv, sem enxergar nada. Como se estivesse bem longe, e eu me pergunto sobre o que ela estaria pensando. As vezes quando falava com ela, ela apenas concordava, mas eu sabia que nao estava escutando uma só palavra do que eu havia dito. Com olhar apatico, e indiferente. Uma indiferença que andava de mãos dadas com a tristeza. Em um relato de uma senhora que perdeu o marido por essa doença ela me disse: Ele nao sabia quem eu era, mas EU sabia quem ele era.'' Meu coração doeu, e eu tive que segurar as lagrimas que queriam sair. Eu sabia sobre o que ela estava falando. Eu sabia exatamente. Quando alguem que voce ama se esquece de quem voce é, nao necessariamente precisa estar com alzheimer. Todos temos alzheimer, foi a conclusao a qual cheguei. A diferença é que uns esquecem sem querer, e outros opitam por esquecer, de proposito, e voce vai sendo apagado sabendo que esta sendo esquecido. E o que te resta, é fazer de conta que esqueceu tambem.
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quinta-feira, 3 de outubro de 2013
FoF!2008
Frets on Fire (FoF) E la estava eu jogando Frets of fire, baixei o jogo, por simples saudade, e um pouquinho de melancolia talvez. Droga, aquele computador exerce algum tipo de força sobre mim, eu tenho que parar de usar aquele desk, e parar de me sentar naquela cadeira, e olhar para aquela tela. Talvez seja a tela, ou o papel de parede do windows, ou o fato do windows ser o XP ainda. Nao importa, la estava eu jogando o primo pobre do guitar hero, 5 anos depois, com musicas que eu detonava, e me remeteram a uma epoca onde eu mal podia enxergar atraves daquela franja escura. A epoca era essa, da foto a sua direita. Eu adorava arco-iris e zebras, e frets on fire. Eu nem era uma má pessoa, eu nunca tive a reputação que me foi atribuida e tanto me orgulhava. Engraçado. Frets on fire! E eu ainda era classificação 4 estrelas, numa escala de zero a 5. Not bad, diria o grumpy cat. E os matsuris. Acho que o ultimo foi em 2009. Aquele lá. Depois nada mais me importou grandemente, trocava tudo para ver ela. Mas não é sobre isso que estou falando, nao. Estou falando sobre frets on fire e esmalte azul hortencia. Sobre a janelinha do msn piscando, e minha mãe me olhando com cara feia. Aquele sim era bons tempos. Ainda tem cola no monitor lcd de ultima geração comprado em 2007. Cola no lugar em que ficava a webcam, fixada com dupla face. Estou falando sobre 'thats what you get' explodindo meus ouvindos nos fones, enquanto eu atravessava o terminal as 7:15 da manha, e chegava quase sempre atrasada, porque nunca conseguia descer do onibus. Estou falando de passar intervalos com pessoas que eu nao gostava de conversar e sobre meu diario, todo manchado de sangue. Estou falando sobre queimaduras que nunca desapareceram dos meus braços, e sobre a sensação de estar a salvo no abraço de um amigo. Conversas, dramas, paixoezinhas baratas. Estou falando sobre coisas que nem posso descrever. Que nao há palavras, e estou falando sobre tudo que aconteceu depois. Talvez se eu pudesse escolher nunca teria saido de 2008, eu nao quero saber o que aconteceu depois. Nem as tristezas nem as alegrias de 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2025, 2050... Nao quero saber, prefiro minha vida em 2008, com minha mae sempre brava, com meus dramas adolescentes mediucres, com a vidinha banal que eu levava. Com alegrias intensas que eu podia comprar com 5 reais no bolso. O resto nao me importa mais. Ou pelo menos assim eu minto.
Postado por §Princess Broken§ às 21:22 0 comentários