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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

rotina

E estava triste, e mesmo quando eu estava feliz eu estava triste, como se a vida tivesse um pano de fundo preto e branco, mas isso não é para me lamentar. Quero dizer, era uma coisa habitual, e espero que entenda que quando digo tristeza, estou querendo dizer vazio. Um vazio que eu passava os dias tentando preencher, preencher com trabalhos, e trabalhos, trabalhos que eu nem mesmo precisava fazer. Coisas que nem mesmo eram da minha conta. Como agora, que eu me propus a aprender 3 ou 4 softwares simultaneamente. Photoshop, illustrator, Sketchup, Keyshot... e ainda haviam uns 3 na fila de espera, como o promob, o autocad e o InDesing. Todos os dias eram iguais. Eu acordava, geralmente entre as 10 hrs, e sempre executava a MESMA rotina. De olhos ainda fechados tateava por baixo do travesseiro a procura do celular. Com um dos olhos semi-abertos olhava as horas. Nao importa quao cedo fosse, era sempre tarde demais, e eu ja me sentia atrasada. O segundo passo era abrir o notebook ainda deitada. Ligava o skype, algum dos 4 programas - e as vezes 2 simultaneamente - e mergulhava, hora num mundo de traços delicados e cores vivas, hora num mundo de angulos complexos e texturas. 2 horas passavam em 2 minutos, e ao meio dia me levantava para um banho rapido. Voltava para cama e continuava o trabalho, alternando entre uma janela, uma linha, e uma conversa com ela. De repente ja eram 18hrs, um piscar de olhos, e eu nao ia a faculdade. Mais 5 minutos e minha mãe ja havia chegado em casa, e rapidamente ja passavam da meia noite, e eu nao me lembro de ter secado o cabelo, de ter almoçado, ou muito menos do que havia acabado de jantar. Nao me lembro do que conversei com minha mae enquanto comia, e nem das conversas paralelas entre ela e o meu tio. Tudo que eu podia me lembrar é da tela brilhante do computador, da minha obsessão em querer desvendar aqueles programas como quem decifra um quebra cabeça. De sentir orgulho de mim a cada nivel avançado, e ver uma arte finalizada tão bonita que eu quase nao acretivada ter feito tudo sozinha. Tudo que eu podia me lembrar, era da dor ir diminuindo enquanto eu desenhava. Era por isso que eu passava tanto tempo, ali. Parada em frente ao computador, algumas vezes - muitas - usando 2 computadores ao mesmo tempo. Quanto mais informação, menos o vazio me encomodava. Era a hora em que eu me sentia bem. Quando estava criando. E entao ja era 5 da manha, e eu com os joelhos e costas doloridos, encarava meu rosto cansado contra o espelho do banheiro enquanto escovava os dentes, e sentia todo o torpor voltando novamente. A indiferença triste. O vazio da solidao me ocupando o coração. Entao eu viria para o quarto, entraria nesta pagina, escreveria coisas que ninguem iria ler, e decidiria sobre postar ou nao. O sono levaria ainda 1 hora para chegar. Quando chegasse, eu me entregaria sem lutar, e as 10 horas eu estaria acordando novamente, tateando pelo celular, abrindo o computador... O meu medo, é de passar tanto tempo, tentando me anestesiar com trabalho, que quando esse torpor for embora, o pouco que eu tenho ainda, ja tenha me sido tirado. Meu medo é de que quando eu finalmente estiver inteira, seja tarde demais.

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