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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

sobre remar para o norte, naufragos e bussolas...

Eu tinha uma coisa que poucas pessoas tinham na minha idade - uma bussola. Por muito tempo tudo que eu tinha era uma ancora, meu coração era minha ancora, e eu era realmente feliz ancorada onde eu estava, perfeitamente parada, imovel, estabilizada, mas sem nunca sair do lugar, ou talvez me mexendo tao lentamente que era quase imperceptivel a olho nu a mudança. Um dia, as correntes que me ligavam a minha ancora enferrujaram e se dissolveram, assim, do nada, se tornando pó. Nesse instante uma tempestade terrivel se deu, e eu estava completamente perdida em alto mar, a merce dos ventos e da correnteza, momentos tao criticos que por vezes meu barco quase naufragou. A tempestade durou incontaveis meses, acredito que anos, ou séculos, nao sei dizer quanto tempo fiquei sendo atirada de um lado para o outro contra as paredes daquele barco, mas um dia eu acordei, e havia sol, um sol tímido é verdade, entre as nuvens quase nao querendo aparecer, eu estava no meio do mar, nenhum sinal de terra para qualquer lado que se olhasse, eu poderia remar, mas para onde? Eu nao fazia a menor ideia de onde estava, ou de onde eu gostaria de chegar. O sol logo se tornou escaldante e queimava minha pele ate que bolhas saltassem e estourassem, deixando minha carne no vivo. Sentada no canto daquele barco que cheirava a mofo e lodo, encontrei uma bussola, que estava quardada o tempo todo comigo, e eu nao havia me dado conta, agarrei-me a ela como quem se agarra num ultimo fio de esperança, peguei o unico remo que havia me sobrado e fui, braçadas fortes, sem parar, as vezes o céu fechava, e o tempo parecia querer me devorar novamente, me dava vontade de chorar nessas horas eu admito, mas eu nao parava de remar, a todo momento eu olhava para a bussola, só para garantir de estar no caminho certo, parecia estar, ainda que eu estivesse perdida, pelo menos eu sabia onde eu estava indo, meus olhos quase cegos pelo sol escaldante ao longe avistaram um pequenino pontinho preto, que poderia muito bem ser uma ilha ou um pedaço de terra firme, embora meus braços estivessem demasiadamente doloridos forcei um pouco mais, eu estava perdida, mas nao estava perdendo, saber a direção de para onde ir, as vezes pode ser mais importante que saber o caminho, e eu estava remando para o norte.

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