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sábado, 22 de dezembro de 2012

demencia senil

Um dia, ela acordou, me olhou e nao sabia quem eu era, foi como se tivesse batido a cabeça com força, ela simplesmente nao me reconhecia mais. Fui lhe encontrar, desorientada como um zombie, usava um jeans rasgado, e um moletom surrado, chorava feito criança, e quando olhei nos seus olhos percebi. Ela nao se lembrava de mim. Foi como falar com uma arvore, arvore sem olhos que nao podia olhar pra mim. Mas isso foi há muito tempo atras, hoje, quase dois séculos, quase duas vidas depois, meu peito ainda dói como se eu tivesse tomado uma surra de pé de cabra. É, bem no meio mesmo, naquele osso duro bem centralizado na caixa toraxica. Bem ali que dói. Hoje, algumas centenas de séculos depois, eu ja havia me acostumado com a sua amnésia, e quando ela me via sabia que nao me reconheceria, entao tentava ser o desconhecido mais gentil do mundo. Quem sabe ela gostasse de mim e me chamasse para um chá? Mas ainda assim, quando ela me olhava, bem no fundo daqueles olhos castanhos, tinha quase certeza de que ela se lembrava de tudo, e se nao fosse de tudo, ao menos se lembrava de mim, sentia que meu rosto era familiar, e deveria ficar se perguntando: de onde a conheço?

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