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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sobre dominós...

Meu coração estava tranquilo e sereno. Nao estava completo, nunca estaria sem ela. Mas se mantinha sóbrio. Uma serenidade, e uma sobriedade que seria impossivel em outros tempos. Eu sentia falta, uma falta imensa, daqueles olhos castanhos e calorosos, me observando com curiosidade, sentia falta do calor da sua pele, do perfume que me embriagava, dos beijos interminaveis, da firmeza e delicadeza das suas mãos traçando meu corpo, do dourado reluzente dos seus cabelos quando os raios de sol se misturavam a eles. Tudo perfeito. Sinto falta de absolutamente tudo, tudo e um pouco mais. Muito mais. E sempre sentiria. Mas nao chorava mais, nao me martirizava, nao sentia que minha vida nao valia mais apena. Sentia que minha vida havia ficado devastada e vazia sem ela, como uma sala, cheia de dominós enfileirados, milhares deles, e de repente, alguem derrubava a primeira peça, por acidente. E logo a outra peça caia, e a outra, e a outra, e todas iam derrubando umas as outras, até que nao restou nenhuma unica peça de pé. Em outros tempos, eu teria gritado, difamado, chutado todas as peças. Mas hoje, em silêncio eu ia levantando uma a uma. Hoje era eu, em minha sala vazia, sentada no chão recompondo milhares e milhares de peças de dominó. Eu sabia que elas nunca ficariam como antes, e que talves eu levasse muito tempo para por todas de pé novamente. Mas o que mais eu poderia fazer? E eu estava fazendo. Era triste, fazer tudo aquilo sozinha, cada peça me era uma lembrança. E eu pegava uma a uma nas mãos, com o maior cuidado polia a pequenina pecinha, e a colocava de pé novamente. Uma a uma, uma a uma, sem nunca me cansar. Embora mudasse de posição pois meus joelhos doiam de tanto ficar sentada no chão. Nao havia nada mais que eu quisesse fazer, não havia nada mais que eu pudesse. Se fosse em outros tempos, eu me jogaria ao chão e espernearia até que minha pele rasgasse. Mas agora, tudo era diferente. Gritar e chorar e implorar nao a traria de volta. Nada, a traria de volta. Nem mesmo por todos os milhares de dominós de pé exatamente como estavam antes de cair. Mas, eu queria fazer isso, pois as lembranças eram boas, e sorrisos vinham atoa. Hora ou outra escapava uma lagrima e o coração martelava. Mas eu queria deixar a sala bonita, e arrumada. Quem sabe ela nao me aparecesse de surpresa? Quem sabe ao menos uma visita? Quem sabe ela nao me ajudasse, a coloca-los de pé outra vez? Quem sabe? Deus sabe.

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