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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sobre o medo.

Era dificil para mim, muito dificil. Embora eu tivesse me tornado uma pessoa a qual nunca imaginei ser, ainda nao estava pronta sabe? Nao para falar com ela casualmente. Eu nao esperava mais nada dela, nada, nem o menor pingo de afeto, eu nao achava que ela pudesse sentir qualquer coisa por mim. Nao ela, esta que eu nao mais sabia quem era. E ao mesmo tempo, vivia esperando. Por qualquer coisa. Olhando pro meu celular sabendo que ele nao iria tocar, olhando meus emails sabendo que nao haveria nada la, ficando on mesmo sabendo que ela nao me chamaria pra conversar. Eu nao esperava nada, nao sentia que merecia a menor atenção. Mas desejava. E era dificil, nao poder dizer as coisas que eu dizia sempre, e nao poder fazer coisas que eu fazia. E pensar que aqueles momentos provavelmente nunca se repetiriam. Me sangrava, mas nao o tempo todo como antes, só quando eu pensava sobre isso. E eu evitava MUITO qualquer pensamento. Apenas por instinto de sobrevivencia, apenas para me manter inteira. Me manter viva. Eu vacilava, e mandava qualquer coisa no email dela, mesmo sabendo que aquilo era idiotisse, mesmo sabendo que ela nao se daria ao trabalho de ler, mesmo sabendo que nao daria importancia. Mas eu ficava meio desesperada de madrugada, é sempre a hora mais perigosa, a hora mais solitaria. E um dia ela me respondeu. Fiquei com medo de ler. Pensei um milhao de vezes se abriria ou nao. Abri, e fechei os olhos como fazia qndo era criança e estava passando uma cena forte num filme de terror. Fechei os olhos, e abri um de cada vez, de vagar. Ela dizia que gostava de conversar comigo, e que eu poderia chama-la quando quisesse. Que poderia ligar pra ela. Tudo muito formal. Tudo muito distante. Como se eu fosse um estranho. Como se fossemos estranhas. Eu queria, poder chama-la para conversar, mas nao conseguia, nao sentia que ela ficava contente por falar comigo, era normal. Como quem fala com um colega de trabalho ou um vizinho. Eu tinha vergonha. E tinha medo. Eu queria poder ligar para ela. Queria muito, ouvir sua voz. Mas nao tinha coragem. Eu tremia de medo só de pensar. Porque eu saberia que no instante que ouvisse sua voz, todas as feridas q tentavam secar e cicatrizar se abririam. E sangraria tudo de novo. Eu cairia. E sozinha seria dificil me levantar outra vez. Eu tinha tanto medo dela, tanto medo do que ela poderia fazer eu sentir. Acho normal, um animal sente medo de alguem quando essa pessoa o maltrata, ele se encolhe e olha pro chao, pros lados procurando uma saida pra nao apanhar novamente. Eu me sentia como um cachorro espancado. Tinha medo ate de olhar nossas fotos, nossos videos, nao olhei nada, desde que tudo começou a ficar assim. Tinha medo. Tinha medo quando ela me chamava pra conversar por chat ou onde quem q fosse. Porque a esperança infeccionava minhas feridas. Ela nunca diria o que eu precisava ouvir, e esperar que ela dissesse era pior ainda. Toda aquela expectativa. Tenho medo de tudo hoje em dia. Nao sei como seria se a encontrasse na rua. Se ela nao me visse eu provavelmente sairia correndo. Eu nao iria aguentar. Eu ainda nao aguento. Sinto medo, muito medo. E se um dia tudo acabar de vez, vou fechar meu coração com uma armadura. E nunca mais alguem podera cavar tao fundo. Tudo me doi. Tudo me da medo, todos me dao medo. Eu estou bem, equilibrada. Ela disse para eu me cuidar. E me cuidar quer dizer me manter inteira. E tudo que me da medo pode me despedaçar. Sabe o que me conforta? É esse blog, pois sei que ninguem nunca vai ler nenhum destes textos até o fim. Nem mesmo chegariam na metade. E ser sincera, e aceitar minha dor, sem mentir para mim mesma, é tudo que eu preciso fazer. Ter medo me manter a salvo.

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