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sexta-feira, 15 de junho de 2012

08 de junho

Nao era raro se sentir triste. E se sentia. Quase sempre. Quase todos os dias. Dias frios, diga-se de passagem. Frios, chuvosos, tristes, silenciosos, e solitários. Complicado. Precisava de mais amor do que recebia. Estava morta de fome, correndo atras de migalhas de afeto. E se sentia triste. Ocasionalmente triste. A pessoa mais triste do mundo. As vezes. Sentia medo, frio, e solidão. Havia se tornado uma pessoa medrosa e solitária. Acontece quando voce se isola do mundo. Sua cabeça doía infernalmente. Nao era raro doer. E doía. Quase sempre. Quase todos os dias. Nao conseguia dormir, por mais que tentasse. Seus horários eram muito diferentes dos convencionais. Ia quase sempre dormir as 7 a.m enquanto muitos levantavam para trabalhar. Acordava as 15 p.m 16 p.m e ia almoçar quando muitos se preparavam para tomar café ou voltar para casa. Tentava muito, mas nao conseguia. Comia pouco, nao sentia fome, e quando sentia nao tinha comida. Nao exatamente aquilo que ela gostaria de comer. E nem ela sabia o que queria comer. Tentava pensar em alguma coisa que lhe abrisse o apetite, mas tudo que lhe vinha a cabeça te causava náuseas. Coisa chata. Sentia falta de sentir fome. Fome de verdade. Sentia falta de dormir. Dormir de verdade. Sentia falta do calor. Calor de verdade. O mais próximo do calor que chegava ultimamente, era quando ligava o aquecedor para inutilmente tentar se aquecer. Inutilmente. Ou no chuveiro. Mas era pior quando desligava e tinha que pegar a toalha fria. Tinha tanta coisa que queria falar, tantas. Mas nao podia. Nao podia falar para sua mãe que se abalava facilmente, nao podia falar para sua namorada que se irritava facilmente, nao podia falar para o psiquiatra, pois nunca o via, nao podia falar nem para Deus que lhe julgaria ingrata. Então, escrevia. Aqui. As vezes. E desenhava. Nas paredes. As vezes. Pintava as paredes da prisão, tentando humanizar o ambiente. Pintava as paredes da prisão, na tentativa de nao se sentir prisioneira. Uma arte inútil. Uma arte que nunca a levaria a parte alguma. Quem se importa com a arte? Tanto faz. Sentia falta do arco-íris. Sentia falta dos pássaros. Das vacas voadoras. E das zebras. Sentia falta de tanta coisa. Sentia falta do amor. Dias atras foi busca-la no trabalho. Aquele frio que te congelava os ossos. Esperou ansiosamente do lado de fora, mas quando a viu, nem mesmo sorriu. Como se a surpresa fosse indesejada. Como se não fosse exatamente quem gostaria. Hum. O coração partiu em meia dúzia de pedaços. Mas levantou os olhos e sorriu, talvez de nervosismo. Sempre sorria demais para disfarçar qualquer dor. E se começasse a gargalhar era bom nao parar, pois era certo que cairia no choro em seguida. Sentia falta daqueles seus olhos brilharem ao lhe verem á sua espera. Do sorriso mais largo se abrir enquanto caminhava em sua direção. Sentia falta de tanta coisa. Sentia falta de tanto amor. Era uma dor insuportável. No mais literal sentido da palavra. Um dor, que estava a matando. Quando estava tudo bem, estava tudo ótimo. Mas qualquer pequeno deslize fazia seu coração quase parar. E então sorria. Quando podia, quando conseguia. Sorria. Sentia falta de dormir. E de sonhar, um pouco. Noite passada, sonhou com zombies. Foi com certeza o melhor sonho que teve nos últimos meses. Sonhar com zombies era o mais perto da felicidade que ela chegava enquanto dormia. E sentia tanta falta de dormir. Se pudesse dormiria o mês inteiro. Dormir era melhor do que ficar acordada. Esperando, esperando, esperando. Esperando um bom dia, uma mensagem, esperando qualquer coisa. Estava sempre esperando. E estava cansada de esperar. Estava doente de tanto esperar.

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