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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sobre lembranças e diferenças...

- Elas nunca tiveram nada em comum, nada alem de uma ou duas musicas, um ou dois filmes, um ou dois sabores de sorvete, talvez, nem isso. Nunca entravam num acordo, brigavam atoa a troco de nada. Uma era linda, delicada, com sua beleza impecavel, seus cabelos sempre tao arrumados, seus olhos constantemente desenhados. A outra até se esforçava para ser gentil e adoravel, mas era em geral estupida e desajeitada, com os cabelos bagunçados, os cadarços desamarrados, e as olheiras que eram o toque final para uma pessoa que era a desordem em pessoa. Uma gostava do sol, do calor, da batida marcante das musicas animadas, de torcer pelo seu time da arquibancada, de usar roupas curtas ou pelo menos apertadas. A outra só vestia uma camiseta se fosse tamanho GG, tinha verdadeiro horror das torcidas organizadas, suas bandas preferidas eram consideradas chatas, e nao havia nada no mundo que ela desteste mais que as quentes estaçoes.
Uma era geração saúde, só gostava de comer o que era verde, saudavel, e nem pensar em gordura saturada. A outra é escrava do fastfood, e nao comia nada que nao venha embalado, industrializado e quimicamente conservado, gostava de ler a informação nutricional enquanto comia, como se ela realmente se importarte com as calorias, como se aquilo fosse fazer qualquer diferença na sua vida. Uma amava cachorros. A outra era louca por gatos. Uma adorava filmes de zumbis com muitos cerebros devorados. A outra DEUS ME LIVRE assistir uma coisa dessas.
Olhando assim, por cima, eu te perguntaria 'qual a chance de duas pessoas assim, tão completamente diferentes uma da outra, tem de dar certo?' Se existisse um livro de regras para esse tipo de coisa eu poderia responder facilmente 'nenhuma' No entanto nao existem regras para isso, entao, podemos dizer que elas tiveram sorte não é? Ou nao. rs' Se existisse algum livro de regras sobre isso, o mundo daquela garota desajeitada e com olheiras nao teria parado no instante que viu aquela menina linda com olhos cheios de segredos e muito bem delineados na sua frente. Sempre via aquela menina rodeada muitos amigos, sorrindo alegremente - e internamente, muito secretamente nao confessava nem para sí mesma, mas morreria para ser dona de apenas um dos seus sorrisos - ela estava sempre tao bem acompanhada, sempre tao segura de si, seu queixo levantado, nunca olhava pro lado, nunca encarava o chao, enquanto a outra tinha os olhos curiosos, sempre atentos a qualquer movimento, AH! o que ela nao daria para voltar no tempo, e fazer exatamente tudo o que teve vontade desde o primeiro dia, as coisas teriam sido diferentes? Para melhor? Para pior? É, ela sempre perguntava isso para sí mesma, mas a resposta nunca vinha. Voltando ao raciocínio anterior, de quando tudo que ela podia fazer por algum tempo era observar, e apenas observar aquela menina que parecia ter o mundo inteiro bem na palma da sua mao, até que um dia elas foram postas frente a frente, era a primeira vez, foram as primeiras palavras. Na epoca a franja lhe cobria os olhos, mas ela podia por tras daquilo enxergar perfeitamente. Haviam ali duas? tres? quantas outras pessoas? Ela nao sabe dizer, ela nao se lembra, porque no exato momento quando a viu ali, na sua frente, foi como se todo seu sistema nervoso tivesse entrado em choque, entao ela nao enxergava mais ninguem, ninguem além daquela que nao tinha nada haver com ela, mas de alguma forma já possuía seu coração.
Seus olhos eram famintos, rapidos, analíticos, e decoravam com rapidez, e perfeição cada pequeno pedaço do seu corpo. Naquela hora, embora sentisse suas pernas vacilarem e sua voz emudecer, ela nao sentiu medo, aquele medo que voce sente quando os olhos se encontram e voce desvia rapidamente sabe? Entao, ela nao sentiu. Talvez fosse porque nao podia acreditar naquela situação, ou talvez fosse porque os olhos do seu pequeno anjo estivessem presos procurando por alguma coisa no chao, na grama, fitandos seus tenis, ou as formigas que faziam fila em alguma parte daquele jardim, tentando abastecer sua casa antes do proximo temporal. Nao importa o que ela havia perdido no chao, na grama, ou o que faziam as pequenas formigas naquela hora, a questao é que ela tinha os olhos fugitivos, eles vagavam por toda parte mas nao importa para onde vagassem, eles nunca entrariam em atrito com os olhos famintos que se escondiam atras daquela franja. Quando seu objeto de fixação foi embora, com passos rapidos sem nunca parar, sem nunca olhar para tras, foi a vez daquela garota observar o chao com seus olhos cansados, que agora já nao pareciam tao famintos assim, eu diria que eles estavam mais para perdidos e uma pontinha de um sentimento que ela nao sabia o nome havia invadido seu peito, ela nao sabia o nome, mas nós sabemos, o sentimento se chamava decepção. Porque? Porque nunca levantava os olhos? O que tanto ela encontrava no chao? Chegou a conclusao de que sua presença era absolutamente insignificante para aquela que tinha toda sua atenção.
Se existisse um livro de regras para esse tipo de coisa, a historia teria terminado ali mesmo, com a decepção, mas a nossa historia não é obvia, nao é simples, e não é de forma alguma compreensivel. Entao, se voce estava tentando encaixar as peças desse quebra cabeça desista, estamos falando sobre um universo paralelo, o universo do improvavel, do impossivel, do inacreditavel, e aqui é onde nada nunca fez sentido.
Mas se essa historia se passasse no mundo real, onde existem regras para um final feliz como o dos contos de fadas, aquela menina cuja beleza ultrapassava a de qualquer pessoa no mundo, aquela menina dos olhos fugitivos, dos milhares de amigos, a qual jamais se encontrava desacompanhada, nunca teria tido toda a sua atenção voltada para uma garota que tinha os olhos escondidos, e uma expressao nada amigavel no rosto, a verdade era que ela nao tinha expressao nenhuma. Se essa historia fosse seguir o mesmo caminho de tantas outras, ela nunca teria gastado seus dias observando de longe uma pessoa que até entao nunca havia dado sinais de que tinha conhecimento de sua existencia. Se as coisas fossem como deveriam ser naquele dia em que as duas foram obrigadas a se encarar, ela nao teria disperdiçado seu tempo olhando para o chao, teria encarado sem medo aquela que estava a sua frente lhe devorando com os olhos. Mas céus! Ela se sentia tão constrangida, que tinha certeza que era mais seguro fita seus próprios pés do que se arriscar a encarar aqueles olhos escuros e inquietos e correr o risco de cair do alto de um precipício. Era mais seguro fugir com os passos ligeiros do que suportar mais um unico minuto aquela sensação de desconforto e aquelas malditas borboletas te devorando o estomago.
Se existisse um livro de regras elas teriam seguido seus caminhos de forma distinta, ao invez de ocupar seus pensamentos com os fatos daquele dia. Teriam ignorado a existencia uma da outra ao inves de todos os dias correr seus olhos insistentemente pelo pátio até seus olhares se colidirem e ambas desviarem constragidas.
Era uma sentimento confuso, um sentimento estranho, que atraía e ao mesmo tempo repelia, 'eu poderia ama-la' pensava aquela que mantinha seus olhos sempre escondidos, 'eu poderia ama-la, mas e ela? Será que uma garota tão linda e adoravel perderia seu tempo com alguem como eu?' A resposta era bem obvia pra ela 'não' nós sabemos que ela estava enganada, porque como já foi citado acima nossa historia nao tem nada de obvia, no entanto ela nao sabia, nao sabia que na verdade aquela que ela julgava inalcansavel todos os dias fazia um pedido à uma estrela pedindo que aquela garota dos cadarços desamarrados um dia se desse conta da sua existencia. Quantos desencontros nao é mesmo? 'Deus escreve certo por linhas tortas' ou 'Polos opostos se atraem' Elas mais do que ninguem eram a prova viva disso, e todos os ditados mais cliches fizeram sentido no dia em que a vida daquelas duas se cruzaram. Quando se viam, a vontade de ambas era de sair correndo, quando na verdade tudo o que queriam era parar e conversar um pouco, sobre nada em especial, só, sentar e conversar sabe? No entando nunca trocaram mais de duas ou tres palavras, nunca chegaram a se conhecer verdadeiramente. E ao inves de parar e conversar, quando se cruzavam uma fingia nao ter visto a outra, e isso dava a impressao que nenhuma das duas se importava, que nao davam a minima quando na verdade estavam morrendo por qualquer noticia, por qualquer migalha de atenção. HAHAHA Não tem como nao rir quando pensamos o quão desastradas as duas foram, o amor estava alí a espreita, vigiando ambas, as vezes ele sorria e até mesmo acenava, mas elas simplesmente nao se davam conta. Apenas o ignoravam, apenas 'se' ignoravam. E assim se passaram os dias, os meses, os anos...
Uma ficou muito doente, e parou de estudar, a outra concluiu o ensino médio, saiu do colégio, até arrumou um namorado. Foi dessa forma que a distancia inundou o espaço que havia entre ambas, caindo levemente no esquecimento, achando que tudo nao passou de impressao, de um mal entendido talvez, afinal 'Onde eu estava com a cabeça de gostar de alguem como ela?' Pensavam inutilmente, tentando se esquecer com o tempo, no entanto jamais se esquecendo.
Nunca conseguiram de fato deixar de pensar 'E se? E se eu tivesse falado pra ela? E se eu tivesse ido atras? E se eu fosse um pouco menos covarde? E se? E se? E se?'
Se existisse um livro de regras para isso o tempo e a distancia teriam dissolvido o que havia restado, tantos dias haviam se passado, nao foi o bastante todos aqueles dias que uma fingia nao notar a existencia da outra? Nao foi o bastante para provar que nao valia apena mais tentar? Isso seria o bastante se nós estivessemos falando sobre qualquer outra pessoa, sobre qualquer outro relacionamento, qualquer outro ano, isso seria mais que o suficiente para desencantar. Mas nao, nós nao estamos falando de qualquer pessoa, estamos falando de duas garotas que nao tem nada em comum com a outra, nenhum ponto de ligação, nada que as una, nao estamos falando de qualquer relacionamento, nem de qualquer ano, estamos falando de um relacionamento absolutamente improvavel, de uma historia que começou numa manha qualquer e fria de 2oo8.
E se o tal livro de regras existisse elas duas nunca teriam descoberto o amor de uma forma tao impossivel, tão fora do comum, naquela epoca, elas ainda nao faziam idéia do que estava por vir, mas nós sabemos, e se contassemos a elas, tenho certeza que nao acreditariam, ficariam pensativas e logo descartariam a hipótese. Mas afinal quem poderia imaginar que nao muito tempo depois, uma iria atras da outra, contaria seu segredo, diria o tão secreto e guardado 'eu te amo' enquanto a outra ficaria parada, absolutamente estática sem poder acreditar no que seus olhos viam. E nao demoraria muito, elas continuariam de onde pararam, e diriam tudo o que estava para ser dito, e fariam tudo o que deveriam ter feito desde 2oo8. Quem diria que elas ficariam juntas para sempre? Que mesmo sem o livro de regras ou o manual de instrução elas teriam um final feliz, e que esse conto de fadas acabaria sendo um pouco diferente dos demais, mas seria o mais perfeito e verdadeiro de todos.
AH! E sobre as diferenças? Bom, elas continuaram existindo, algumas eram realmente gritantes, e como em qualquer relacionamento causariam brigas, desentendimentos, e lagrimas e pedidos de desculpas por consequencia, mas elas de alguma forma nunca se deixaram abalar, e toda pequena diferença se tornava no fim motivo de riso.
Pois apesar de nao terem nada em comum, de nunca terem concordado em coisa alguma, e de passarem mais tempo discutindo do que conversando civilizadamente, elas tinham uma unica coisa em comum, uma coisa que compensava todas as outras pelas quais discordavam, essa coisa se chamava 'amor', que sempre foi, e sempre será maior e mais forte que qualquer diferença.

- fim -

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